Depois de dois anos de intenso trabalho coordenado pela Câmara de Regulação Econômica da Diretoria de Transportes, o projeto da Agência Estadual de Regulação (AGEMS) para o novo sistema rodoviário intermunicipal agora tem dados depurados e informações reais. E o que esse estudo revela é um cenário cheio de desafios para alinhar desenvolvimento urbano espacial ao desenvolvimento econômico.
Um panorama inédito desse Mato Grosso do Sul sobre rodas como ele é hoje, e na perspectiva de futuro, foi apresentado no seminário da Agência pela coordenadora da Câmara, Luciana Ramalho Gomes, em painel com a participação do Diretor de Transportes, Matias Gonsales, e da Coordenadora da Câmara Técnica de Transportes, Caroline Tomanquevez.
“A economia, quando se movimenta, faz as pessoas se movimentarem”, resumiu Luciana ao elencar a extensa lista de investimentos privados e públicos em indústrias bilionárias e logística que requerem um plano diretor de transporte alinhado a essa nova realidade. “Tudo isso está sendo pensado em um arranjo de desenvolvimento econômico do Estado”.
É um cenário que traduz na prática a visão do especialista convidado do seminário, Professor Doutor Luiz Augusto Senna, para quem o transporte de passageiros deve ser chamado de ‘infraestrutura’, pois se trata de uma infra para que as atividades econômicas possam se desenvolver.
Conhecer o presente, projetar o futuro
Para definir em normas legais, em contratos de delegação e em metas para os operadores sobre como deve ser o transporte futuro, os técnicos da AGEMS se debruçaram sobre o presente e o passado.
Com o emprego de inteligência de dados e tecnologia, foi feita uma detalhada coleta em bancos informativos dispersos, a integração ao sistema do Bilhete de Passagem Eletrônico e proposto um sistema com diversos indicadores.
“O resultado que nós alcançamos vem do trabalho em equipe, que é muito competente, com o apoio total da Direção e a importante participação das empresas”, frisou Matias Gonsales.
Se as grandes distâncias e vazios populacionais sempre impactaram na viabilidade das linhas, a realidade das novas malhas ferroviárias, das concessões rodoviárias, da rota bioceânica e o do desembarque das gigantes de celulose requerem um olhar ainda mais capacitado para encontrar as soluções.
No conjunto das políticas públicas e investimentos privados que vão refletir no sistema estão ainda projetos como os das hidrovias e portos, aeroportos regionais, como o de Dourados e a fábrica de fertilizantes em Três Lagoas.
A série histórica de movimentação de passageiros no período de 2011 a 2022 mostra que tem havido redução, causada por diferentes fatores.
A análise dos polos geradores de viagem também traz dados importantes que refletem distintas realidades: 25 municípios concentram 80% dessas movimentações por transporte coletivo intermunicipal, sendo que numa depuração mais detalhada, são 60% concentrados em apenas 10 municípios. Nos restantes 54 municípios estão os 20% de viagens geradas.
O sistema hoje tem ‘tamanho’ estimado de 1,162 bilhão de reais; é um sistema cujo custo se mantém, mesmo que haja redução do número de passageiros. É, então, um sistema que merece uma indicação de modernidade”, finalizou Luciana.
Fotos: Cleidiomar Barbosa