Elisa Conceição Paes ainda amamentava a filha única, Ana Guilhermina, quando chegou à Agência Estadual de Regulação em 2002, antes mesmo do primeiro concurso para formação do quadro próprio de pessoal. Planilhas, estudos, relatórios e processos ganhavam uma pausa quando era a hora de alimentar a pequena, levada pela avó até a mãe trabalhadora.
Vinda da Secretaria Estadual de Infraestrutura e Obras Públicas, ela viveu o início da então AGEPAN, que engatinhava no desafio de assumir o transporte rodoviário de passageiros, setor em que inicialmente atuou. Estar ali foi muito natural para a administradora, que também viu a Agência nascer e sair do papel.
Tenho muito orgulho de ter participado desde a criação da Agência em 2001 e ter ingressado no quadro de servidores em janeiro de 2002, na função de Gerente da Câmara Técnica de Transportes.
Não tínhamos nem sede, mas já iniciamos os trabalhos, e o primeiro grande desafio foi o serviço de transporte intermunicipal de passageiros, único delegado pelo Estado até então.
Praticamente o transporte não era fiscalizado, contratos vencidos e os operadores clandestinos realizavam o transporte livremente. Foram muitos estudos, pesquisas e longas reuniões para entender o sistema e assim começar a normatizar e fiscalizar.
Gradativamente fomos vencendo os desafios e melhorando cada vez mais a oferta desse serviço para os cidadãos sul-mato-grossenses.
Graduada em Administração de Empresas com Ênfase em Comércio Exterior, com MBA em Gestão Estratégica, Mestre em Gestão e Produção Agroindustrial, ela traz também a experiência de professora universitária e está avançando na direção de uma nova área de conhecimento.
Para Elisa, as necessidades do mercado e dos consumidores não param de mudar e de crescer, e essa realidade torna fundamental buscar novas tecnologias, conhecimentos e habilidades.
Por isso, mesmo já tendo obtido o título de mestre, com várias especializações, estou cursando a segunda graduação, agora no campo do Direito.
Esta dedicação fica mais desafiadora quando temos que conciliar o papel de mãe, professora e arranjar tempo para cuidar da própria saúde. Mas somos mulheres de um novo tempo, que trabalham fora desde de muito cedo, cuidam dos filhos, da casa, conquistam independência financeira, estudam, se reinventam, não param nunca.
Com 23 anos de serviço na regulação, o conhecimento e a dedicação hoje servem ao saneamento, compondo a equipe da Diretoria de Saneamento Básico e Resíduos Sólidos.
O papel da Agência é de fundamental importância para a sociedade sul-mato-grossense, pois, cabe a ela regular a fiscalizar todo o processo do abastecimento de água para quase a totalidade dos municípios do Estado.
Estamos cuidando da captação, da distribuição e da qualidade do bem mais precioso nesse novo milênio que é a “agua”. Igualmente importante é o processo de fiscalização do esgotamento sanitário, contribuindo de forma significativa na redução dos índices de atendimento em saúde básica e principalmente na preservação dos rios e córregos do nosso Estado, que apresenta regiões em ecossistemas que requerem atenção especial devido as suas fragilidades e relevância para atividades turísticas.
Para Elisa, contar a própria história passa por valorizar as referências. A principal delas, uma figura feminina de destaque, a advogada Maria Augusta Feldman, primeira mulher a presidir a Associação Brasileira de Agências de Regulação (ABAR) e a Agência Estadual de Regulação dos Serviços Públicos Delegados do Rio Grande do Sul (AGERGS).
Como estamos abordando o tema das Mulheres na Regulação, um registro que me marcou e que me estimulou muito a prosseguir na carreira foi ter tido a oportunidade de participar, em março de 2003, na cidade de Maceió (AL), do II Fórum Nacional de Transporte Intermunicipal de Passageiros, promovido pela ABAR e a Agência Reguladora dos Serviços Públicos do Estado de Alagoas.
Já naquela época, a Maria Augusta buscava o reconhecimento, valorização e independência das Agências Reguladoras. Seu conhecimento e determinação foram de grande aprendizado e o que me inspirou a prosseguir no campo da regulação.
Com duas décadas de existência e gradativamente assumindo a regulação e fiscalização de novos serviços públicos, o quadro técnico precisa buscar constantemente por mais conhecimentos para desempenhar suas atribuições, é o que acredita Elisa Paes. E esse entendimento, na avaliação dela, tem trazido resultados
Progredimos muito e vejo que a Agência está em um ritmo contínuo de crescimento e evolução, com a inclusão de novas tecnologias e técnicas, com um compor técnico altamente qualificado.
Não tenho dúvidas que os trabalhos desenvolvidos aqui estão sendo “conhecidos e reconhecidos” por outras agências, órgãos do Estado e pela sociedade de Mato Grosso do Sul.