Há 20 anos e quatro meses, o turismo explodia na cidade de Bonito. A fiscal Andrea Yule de Carvalho tinha acabado de entrar em exercício na Agência Estadual de Regulação de Serviços Públicos, então AGEPAN, e desembarcou de um ônibus no posto da Polícia Rodoviária Federal na vizinha Guia Lopes da Laguna para o primeiro dia de trabalho na estrada.
“De cara, me deparei com a polícia abordando e apreendendo uma Kombi transportando pessoas de Bela Vista para Campo Grande, e junto foi descoberto uma quantidade de entorpecentes. Como havia acabado de desembarcar, e estava me apresentando no posto policial quando soube da abordagem. E considerando que a polícia já tinha tomado providência para remoção do veículo e dos envolvidos não me envolvi no caso. Mas ali, de cara, já foi possível ter uma noção do perigo que seria abordar durante uma fiscalização de rotina um transporte de passageiros irregular e que, sem eu imaginar, era também um transporte de drogas ilícitas, onde os envolvidos poderiam se sentir coagidos revidar contra a fiscalização”.
A memória desse primeiro dia mostra o quanto a Agência se tornou um marco profissional para Andrea, uma das primeiras fiscais do quadro efetivo e uma das mulheres que estão no front de vigilância por um transporte seguro e de qualidade.
Em menos de um ano, ela participou da implantação do Projeto Seriema (primeira grande tentativa de remodelação do serviço) e conheceu a logística envolvida no estado inteiro quanto ao transporte intermunicipal de passageiros, principalmente na região de Jardim, onde era baseada, mas não somente lá.
A vida profissional pareceu estar em sintonia com uma paixão pessoal de Andréa.
“Como já era mochileira, viajava o Brasil inteiro nas folgas e férias, principalmente de ônibus, foi fácil para mim tomar a decisão de, a trabalho, embarcar nos ônibus que faziam linhas intermunicipais e assim, em 10 dias, percorrer o estado todo, só não conseguindo ligar os polos regionais de Coxim e Corumbá que até hoje não possuem uma linha de ligação direta”.
Mato Grosso do Sul de ponta a ponta, e o Brasil quase todo, exceto o Acre, Roraima e Amapá fizeram parte das andanças dessa profissional que se tornou uma colaboradora única na estrutura da AGEMS.
Gosto de pensar que independentemente de onde estejamos, o transporte ou qualquer outra atividade que envolva um serviço público concedido tem uma entidade que zela por nós e para nós quando a este se refere, regulando, normatizando ou fiscalizando tudo que envolve este serviço que de uma forma ou de outra nos é necessário em algum momento.
A técnica de regulação, que hoje trabalha alternando atividade interna com ação de campo, conta que o principal desafio é conciliar o ‘pé na estrada’ com os compromissos de família, afinal, viajar significa estar sujeito a demoras maiores que o esperado. Mas a dedicação do trabalho interno que a regulação exige também requer disposição diferenciada muitas vezes, ela reconhece.
Hoje graduada em História e com formação de técnica de segurança no trabalho, Andrea se orgulha da capacidade de memória “que funciona muito bem por associação de números a assuntos” e a faz aliar muitos dos conhecidos adquiridos por estudo ou habilidade no trabalho. Isso parece curioso, e realmente é, especialmente, quando ela explica como essa característica pessoal é uma ferramenta interessante para o trabalho na AGEMS.
“A História e a habilidade associativa de números e assuntos me ajudaram muito na elaboração dos processos de acompanhamento das linhas de transporte, e o conhecimento adquirido nesta elaboração faz a minha mente trabalhar como se fosse um mapa: se necessito dar alguma informação relativa a transporte de passageiros em uma localidade do estado, consigo visualizar isto mentalmente como fosse um mapa, aí instantaneamente já vem o prefixo e nome das linhas que atendem tal localidade, as empresas, e também, não existindo transporte, o atendimento mais próximo”.
Para Andrea, a AGEMS hoje está em fase de transformação, pois vem ampliando muito sua atuação, e isso torna necessário que a equipe esteja em constante fluxo de aprendizagem.
“Penso que é muito importante direcionar e capacitar os colaboradores dentro da sua área de atuação, para se ter amplos conhecimentos. Precisamos crescer de dentro pra fora, pois só assim conseguiremos fortalecer nossos conhecimentos. São estas competências adquiridas que levarão a AGEMS a se solidificar, podendo então mostrar a sociedade sul-mato-grossense que está ali pronta a dar todo amparo necessário”.
Foto do destaque: Gizele Oliveira
Fotos internas: Arquivo pessoal Andrea Yule